Ideia para uma curta

Um homem segue na sua motoreta, que se peida, com uma cadeira às costas. Uma cadeira de alumínio com pano azul, dobrada e de elevado custo. Sobe as ruas a caminho de sua casa. O barulho da mota chama a atenção, as pessoas olham e lá vêm o senhor, já na casa dos 60 a subir a custo as ruas não tão ingremes da cidade. Acenava aos conhecidos.



Pára a sua motoreta, tentando manter o equilibrio e protegendo o seu prémio diário. Entra no café e diz "a minha mota está quase sem gasolina". Recebe uma chamada e os amigos aguardam para continuarem a conversa e cravar um copo de vinho ao premiado com uma cadeira de aluminio com pano azul. A chamada termina e é retomada a conversa

-"Então e a nossa Selecção?"

-"Vamos lá ver se jogam alguma coisa amanhã! Aqueles gajos até têm talento, mas com o dinheiro que ganham perdem-se"

-"Mas nós somos bons! Até o treinador é bom"

-"Puseste a bandeira este ano?"

-"Paga mas é um copo"



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Novo dia.



Dia normal, mas existe uma tensão no ar. Hoje é dia de jogo!



Já pela tarde, junto ao rio, na marina, um grupo de jovens chega de um passeio de barco. Não se entende se estão bêbados ou se é o efeito da ondulação, cambaleiam. Caminham na direcção da ponte passando em frente ao edificio da administração. Dentro, as pessoas trabalham pensando "hoje tenho de sair mais cedo por causa do jogo". No silêncio do edíficio, começa-se a ouvir

-"Estão-se a atirar da ponte!"

-"Chamem os seguranças"



No rádio, um barco comunica

-"There are people jumping from the bridge. over"



Os seguranças correm para o local. O alarme da ponte toca, os jovens apressam-se a sair da água. Mas o segurança ainda intercepta um antes do salto.



-"Sabe que não pode saltar da ponte?"

-"Mas eu nem faço parte daquele grupo! Eles estavam a saltar e eu pensei que também podia saltar"



Os restantes, correm avenida fora bebados e alegres cheios de adrenalina e prontos para continuarem-se a refrescar com bebida.



Tudo volta à normalidade. As pessoas saiem do trabalho e dirigem-se para os cafés. As ruas estão desertas e nos cafés está tudo vestido a rigor. Um jovem de mochila às costas e uma mala na mão, caminha sobre a ponte, é o unico na rua. Entra no edíficio e diz



-"My friend has a problem with the engine of his boat 8milles from here. Can you send a boat to bring him into the marina?"



A recepcionista liga para a polícia marítima.

-"Se há alguém em perigo de vida? Não!"..."Sim, ele pode vir à vela até à baía e aguardar para que outro barco o traga"..."Uma empresa de reboques?Vou procurar"..."Muito obrigada"



Final da tarde, hora de jogo. Encontra-se uma dessas empresas. Telefona-se...e ninguém responde..volta-se a ligar..sem resposta.



O barco comunica através do rádio



"It's because of the game? I'm sailing in your direction and i'll wait until tomorrow. over"



Problema resolvido. No edíficio tudo regressa, mais uma vez, ao silêncio, interrompido pelos gritos exteriores de "GOOOLOO".



Final do jogo! Portugal vence e a Polícia entra no edíficio.



-"Então?! Onde está aquele barco?"

-"Fundeado na baía à espera que amanhã de manhã um dos barcos o traga para dentro."

-"Hmmm..ok!"



Fim do dia. Carros apitam na rua, as pessoas festejam como se tivessem ganho uma competição e como se o preço do petroleo não estivesse na berra. Festa! Cachecois e bandeiras abanam na rua! Um homem pedala na sua bicicleta com uma vara anexada onde abanam 3 bandeiras da nação.

Acaba tudo em festa.

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Novo dia.

Um jovem rapaz entra no edíficio e diz

- "I'm the guy from the boat of yesterday".

- "How do you get here?"

- "The police went there and bring me here last night, but they took my documents with them and said that I've to pay 700 euros for that. I want to say to you that you should never call the police again in situations like mine. I can't understand why I've to pay 700 euros and wait for technician that has to come from the capital!!"

-"700 euros? Porra! - diz a recepcionista

Telefone toca.

-"Têm gasolina? E gasoleo?"

Chega alguém ao edíficio.

-"Não há gasolina na cidade e dizem que as prateleiras do intermarche estão vazias"

Telefone

- "Vendem gasolina aos carros?"

-"Não. Só barcos."

O trânsito bloqueia a principal avenida por causa das longas filas para comprar o ouro negro. Um género de pânico instala-se, não existem outros pensamentos ou conversas para além da gasolina e das prateleiras vazias no super mercado. Mas...hoje há jogo da seleção!! Que alívio! Durante uma hora e meia ninguém mais fala do bloqueio dos camionistas e da falta de alimentos e ... do aparentado fim do mundo.

GOOLO!!! PORTUGAL!!! GOOLO!

Carros na rua a apitar porque não há falta de gasolina! O mesmo homem volta a pedalar na sua bicicleta com uma vara anexada onde abanam 3 bandeiras da nação. Um rapaz sentado numa esplanada perto, com um prato de caracois sob a mesa, diz

-"O Cristiano Ronaldo é o melhor amigo do Sócrates"

A cidade acalma do pânico, as pessoas recolhem a casa de carro para arrumarem nas dispensas 20 litros de leite, 10 garrafões de água, 20 latas de atum, 5 garrafas de azeite.

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Novo dia.

Junto ao rio. Na marina as pessoas começam mais um dia de trabalho. Alguém traz consigo um jornal da região onde vem como notícia de destaque.

"Polícia Marítima resgata barco com dificuldades no motor"

Primeiro cliente do dia.

- Bom dia! Eu tinha uma cadeira de aluminio com pano azul que caiu à água e não sei dela.

Qualquer parecença com a realidade é pura coincidência!

Umas músicas à kusturika como banda sonora e imaginem um filme